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Jigoro Kano (nascido em 28 de outubro de 1860 — falecido em 4 de maio de 1938) foi o fundador da arte marcial Judô e reformou o Jiu-Jitsu
Ao contrário da antiga filosofia do “jujutsu” que veicula a idéia de “shin-ken-shobu” – “vencer ou morrer” ou “lutar até a morte” – o pai do judô, Jigoro Kano, construiu as bases da modalidade no espírito do “ippon-shobu” – “a luta pelo ponto completo”, ou seja, para além de ser um desporto de defesa pessoal, o judô oferece aos seus praticantes a possibilidade de superarem as suas próprias limitações físicas, mentais e espirituais.
No fundo, este confronto desportivo entre dois judocas (nome dado aos praticantes do judô), recorre à “não resistência” para controlar, desequilibrar e vencer o adversário com um esforço mínimo. Ao contrário do “jujutsu”, onde o objetivo primordial de qualquer combate era vencer, o judô é, em primeiro lugar, uma atividade física com uma forte componente educativa, racional, objetiva e eficaz. O uso da inteligência é estimulada, principalmente no sentido de um judoca utilizar a própria força e peso do seu oponente contra ele. Nas palavras do Mestre Jigoro Kano: “o judô é a arte em que se usa ao máximo a força física e espiritual e a vitória representa um fortalecimento espiritual”.
Os 3 princípios
O Mestre Jigoro Kano estruturou toda a modalidade em torno de três princípios fundamentais que resumidos são “máxima eficácia, mínimo esforço” e “prosperidade e benefícios mútuos”.
- Princípio da Máxima Eficácia do Corpo e do Espírito (“Seiryoku Zen’Yo”) – tratar e fortalecer o corpo, a mente e o espírito, mantendo-os sempre saudáveis, para que nos possam servir de forma racional, inteligente e utilitária, não só nas lutas de judô, mas em todos os aspectos do nosso quotidiano.
- Princípio da Prosperidade e Benefícios Mútuos (“Jita Kyoei”) – o progresso pessoal está intimamente ligado à solidariedade humana e à entreajuda, só assim é que nos tornamos atletas e humanos completos.
- Princípio da Suavidade (“Ju”) – apesar de diretamente ligado ao plano físico, este princípio deve ser utilizado inteligentemente, ou melhor, a força deve ser racionalizada, para não ser de mais, para não tornar a luta violenta.
Valores ensinados
O judô é, acima de tudo, uma escola de valores, onde se procura ensinar os atletas a serem cidadãos, que vivem em harmonia com a sociedade, sempre com respeito pelo próximo. O seu progresso é medido com base nas três componentes da modalidade:
- “Shin” – o espírito: os atletas são ensinados a respeitar todo o ritual que envolve o judô, tornando-os assim cidadãos mais atentos e mais pacientes. A força mental e o verdadeiro espírito judoca está no respeito pelos adversários, em saber aquilo que se quer e que se está a fazer.
- “Ghi” – a técnica: o atleta de judô aprende uma enorme diversidade de técnicas de ataque e de defesa, que só praticando e repetindo é que aperfeiçoa. É nesta fase que também aprende os três princípios da modalidade.
- “Tai” – o valor do combatente: a aprendizagem das técnicas do judô e o desenvolvimento da força mental conferem ao atleta as capacidades necessárias para ser considerado um verdadeiro e eficaz combatente.
O Código Moral
Precisamente porque o judô é muito mais do que uma modalidade desportiva, uma luta ou uma arte marcial, tem o seu próprio código moral, que deve ser aplicado em todos os aspectos da vida de um judoca.
- Amizade: o respeito, a sinceridade e a modéstia são a base para construir laços de amizade com aqueles que o acompanham nesta escola de vida.
- Auto-controlo: controlar as emoções e os impulsos, principalmente os negativos, mantendo-se concentrado nas suas capacidades e naquilo que tem de ser feito.
- Coragem: no judô (tal como na vida) ser corajoso implica saber começar uma coisa, ter a força para continuar, mesmo sem resultados à vista, e nunca desistir, ter sempre esperança.
- Cortesia: existem um conjunto de regras e de etiquetas que devem ser respeitadas; o judoca tem de ter sempre consciência das suas atitudes e conseqüentes resultados.
- Honra: ser digno consigo próprio e com os outros; dar o melhor de si e fazer por ganhar, mas não procurar a vitória a qualquer custo.
- Modéstia: saber ganhar, saber perder, ser humilde e despretensioso em ambas as situações e, acima de tudo, com os seus colegas.
- Sinceridade: saber ser verdadeiro e exprimir-se genuinamente, o que implica um grande conhecimento e aceitação de si próprio.
- Respeito: talvez o valor mais importante do judô e da vida; é essencial respeitar-se a si, aos outros atletas, ao professor, àquilo que se passa no tapete. Só com respeito é que há confiança, verdade e amizade.
A importância do cumprimento
O judô é regido pelo respeito, cortesia e amizade mútua – valores que se expressam através de dois “cumprimentos” ou “saudações”. A saudação ou “Rei-ho” é o sinal máximo de respeito no judô e pode ser realizada em pé (“Ritsu-rei”) ou ajoelhada (“Za-rei”). A saudação deve ser efetuada por cada judoca sempre que entra e sai do “dojo”, sempre que pisa e que deixa o tapete, sempre que inicia e termina uma aula, sempre que começa e termina um treino com um colega, no inicio e no fim de cada treino ou prova.
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