O Brasil comemorou sua terceira medalha no judô nas Olimpíadas de Londres. Líder do ranking mundial dos meio-pesados, Mayra Aguiar conquistou a medalha de bronze e continuou a escrever a história da modalidade nesses Jogos: o resultado é o melhor da história do judô brasileiro na competição quantitativa e qualitativamente. Em Los Angeles 1984 foram uma prata e dois bronzes e, em Pequim 2008, três bronzes. Esta será a primeira vez também que o judô feminino do Brasil sai de uma Olimpíada com duas medalhas. E, com 18 pódios em toda a história, o judô amplia momentaneamente a vantagem sobre a vela (16) como modalidade mais vitoriosa do país.
"A vitória não é minha ou do judô feminino, é de todo o grupo", disse Mayra ao sair do tatame.
A gaúcha bateu a holandesa Marhinde Verkerk por ippon de ashi na disputa do bronze. A recuperação para a luta decisiva foi dolorida. Mayra vinha de uma derrota para sua principal rival, a americana Kayla Harrison (que ficou com o ouro). Além do coração partido, estava com o cotovelo esquerdo dolorido.
"Eu só queria chorar. Estava triste por ter perdido meu principal objetivo e com muita dor depois da chave de braço, que estalou o cotovelo. Mas não caiu nenhuma lágrima graças às palavras do Ney (coordenador técnico), da Rosi (treinadora) e do Aurélio Miguel e do Leandro Guilheiro, que foram conversar comigo", contou Mayra. "Aurélio disse que estava começando uma nova competição e que eu tinha que lutar pela medalha. O Leandro foi duro, falou que medalha olímpica não tem cor e que era para eu entrar firme pelo bronze", completa.
Na véspera de comemorar 21 anos, Mayra se deu o presente que faltava em sua já valiosa galeria de troféus, que conta com quatro medalhas em Mundial Júnior (um ouro, uma prata e dois bronzes), duas em Mundial Sênior (prata e bronze) e duas em Jogos Pan-Americanos (prata e bronze).
"Todas as batalhas, todas as dores, tudo que tive que abrir mão, tudo isso valeu a pena por este momento. A medalha é linda. Ela é bem pesada, mas o corpo fica leve", afirmou.
A medalha consagra uma atleta que apareceu pela primeira vez aos 15 anos. Mayra surgiu para o grande público quando foi medalha de prata no Pan do Rio de Janeiro, em 2007. Um ano depois, ela foi a Pequim como promessa.
Festejada por seus companheiros de clube - a Sogipa, de Porto Alegre - e por João Vargas, com quem treinou na pré temporada em Sheffield, Mayra olhou para o futuro.
"Todas somos muito jovens na categoria. Vou encontrar com a Kayla muitas vezes ainda. E espero que, em 2016, no Rio, o resultado seja diferente", disse.
Luciano Correa, que também entrou no tatame da Arena ExCel nesta quinta-feira, chegou às oitavas de final, mas não conseguiu passar pelo holandês Henk Grol, seu algoz também nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008.
"Se perder uma Olimpíada é difícil, imagina perder duas vezes para a mesma pessoa", lamentou o campeão mundial de 2007. "Ainda bem que tenho minha família para me apoiar. Nessas horas, nada melhor do que estar perto de quem te ama e que acompanhou todo o treinamento duro pela medalha", disse Luciano.
Fonte: www.cbj.com.br
Manoela Penna, de Londres
Foto Márcio Rodrigues
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